terça-feira, 9 de julho de 2019

CRÔNICA




ESSAS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI…

Josué Geraldo Botura do Carmo

O professor buscou no site de Planos de aula da Nova Escola, um plano para elaborar um texto instrucional com uma turma do segundo ano do ensino fundamental. Lá encontrou um texto de instrução de como fazer uma peteca.

A orientação era: mostrar um vídeo do vlog do Osório, ensinando fazer uma peteca. Que cada aluno fizesse a sua e depois montasse um texto instrucional. Para dar mais sentido à montagem do texto ele deveria dizer que a professora do primeiro ano pediu a orientação para que ela desenvolvesse o trabalho com seus alunos.

Assim, com a ajuda dos alunos, escreveu-se o referido texto no quadro: Material necessário e modo de fazer. Tudo nos conformes.

Para dar um ar de realidade, o professor perguntou quem poderia copiar o texto em uma folha separada para que ele entregasse para a professora do primeiro ano. De pronto uma das alunas se ofereceu.

Mal ela tinha começado a copiar o tal texto, levantou-se, foi até o professor e perguntou:
-       Você não tem esse vídeo em pen drive?
-       Sim, tenho…-  respondeu o professor.
-       E por que, então, não empresta pra ela?
   

quinta-feira, 27 de junho de 2013

DEPOIMENTO

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]
junho/2013
O objetivo desse depoimento é o de alertar a todos para uma questão que merece a atenção no intuito de se iniciar uma observação sistemática de casos, através de uma pesquisa pedagógica. Serão relatados aqui dois casos presenciados em uma mesma escola, que podem nos levar a questionamentos. E a pergunta que fica é a seguinte: os estudantes têm dificuldade de leitura na vida real ou somente na escola? Vamos aos relatos.

No ano de 2011, desenvolveu-se em uma escola pública no bairro de São Benedito, município de Santa Luzia – MG, um projeto intitulado Nosso Ambiente[2], com estudantes de 5º ano/9. O objetivo principal desse projeto foi o de se iniciar com a ajuda da comunidade um material que propiciasse o estudo do bairro em seus aspectos históricos e geográficos, devido a escassez de material existente tanto impresso quanto digital, por ocasião de estudos do bairro na escola. Uma das atividades desenvolvidas no projeto foi a criação de maquetes pelos estudantes. No dia da apresentação desse material, enquanto os estudantes organizavam suas maquetes e se posicionavam para serem fotografados, foram espontaneamente explicando o trabalho de maneira muito eficiente.  A diretora da escola chegou para ver o material e os estudantes continuaram a exposição. Mas quando a professora chegou e falou: “Agora expliquem o que vocês fizeram”, houve um travamento no discurso que antes fluía com muita naturalidade. Um momento de silêncio aconteceu, e por fim uma fala artificial e insegura.

Em 2013, nessa mesma escola, no laboratório de informática, dois estudantes de 5º ano/9 ao assistirem ao filme curta metragem O céu de Iracema[3], um filme de ficção de Iziane Figueiras Mascarenhas, de 2002, de 12 min., produzido no Ceará, foram naturalmente fazendo a leitura da mídia em voz alta, utilizando de seus conhecimentos prévios e fazendo inferências, confirmando ou refutando suas hipóteses, e tirando conclusões. A leitura fluiu. Em outro dia ao serem convidados a fazerem a leitura de uma imagem simples, por um professor, esses mesmos estudantes não foram capazes de ler.
Pergunta-se, portanto, o que acontece? E ficam aqui somente as perguntas, porque ainda não se tem uma resposta sistematizada. A única coisa que se pode afirmar é que é necessário observar mais os estudantes para perceber como eles constroem o conhecimento, do que se permanecer numa postura de constante avaliação do conhecimento, com o objetivo de se apontar erros.



[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo Proinfo -  MEC. Especialista em Mídias na Educação.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

SALA DE INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO X LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

maio/2013

Laboratório de informática - Escola Municipal "Maria das Graças
Teixeira Braga" Santa Luzia - MG. Ano 2012

No final do  Curso de Informática Aplicada à  Educação pela Secretaria de Estado da Educação, 1ª Superintendência Regional de Ensino de Belo Horizonte, Divisão de Dinamização da Ação Pedagógica, Núcleo de Tecnologia Educacional – MG-2 – Região Metropolitana de Belo Horizonte – MG,  no ano de 2001, o discurso tanto dos professores facilitadores do curso, quanto das autoridades que compareciam nos encontros, assim como durante o evento de entrega dos certificados, era um só: Sala de informática aplicada à educação. Esse termo viria a substituir o termo Laboratório de informática, usado nos anos iniciais do curso.

Usou-se esse termo: Sala de informática aplicada à educação durante doze anos, aproximadamente, e talvez porque era necessária a consolidação de uma base teórica, em um momento que se vivia ainda a era da informação. A comunicação ainda estava caminhando a passos lentos. E de repente entrou-se de maneira abrupta na era das conexões. Houve a integração e a convergência das mídias, a internet destacou-se não só no campo da informação, mas também, e mais ainda, sobressaiu em importância no campo da comunicação, revolucionando o social, o político, o cultural e o econômico.

E a Sala de informática aplicada à educação tornou-se em Laboratório de informática. Um ambiente ubíquo, pervasivo e senciente, em que os computadores em rede se comunicam, as tecnologias móveis, nômades e portáteis (notebooks, tablets, celulares) são levadas para dentro desse laboratório, e há transferência de dados através de CDs, DVDs, pen drives, bluetooth. Em uma explosão de interatividade e ânsia de comunicação desses jovens “nativos digitais”. E todos aprendem com todos, inclusive os professores, esses “imigrantes digitais” que vivem com saudade da pátria, no tempo em que eram o centro da informação. Nesse ambiente se busca informações, comunica-se, faz-se downloads, aprende-se a conviver com vírus cibernéticos. Lendo, escrevendo, contando, vive-se em um ambiente interdisciplinar por si só. E essa aventura não fica ali no laboratório de informática da escola, ela continua em casa, na lan house. Em um aperfeiçoamento constante da linguagem e do raciocínio, através de redes sociais, de jogos computacionais dos mais simples aos mais sofisticados onlines ou offlines, de informações científicas e jornalísticas. Com acesso à arte e à cultura “envernizada”, “mainstream”, ou “popular”

A comunicação acontece através de uma linguagem interdisciplinar envolvendo imagens estáticas e em movimento, vozes e outros sons, textos escritos, tabelas e gráficos. Pode-se afirmar que o vídeo representa o auge da comunicação nos dias de hoje.  É uma linguagem mais completa, e com status de bilateralidade, todos podem se comunicar através de vídeos, sem haver necessidade de grandes conhecimentos técnicos. São vídeos científicos, jornalísticos, artísticos, eróticos, humorísticos. Encontra-se na internet aulas das mais diversas, e até mesmo cursos completos, muitas vezes disponibilizados gratuitamente, por hackers.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

PESQUISA PEDAGÓGICA


Josué Geraldo Botura do Carmo
2013
Segundo Carmo (2013 s/p) vive-se em um momento de transição e transformação. Desloca-se da cultura modernista do cálculo para a cultura pós-moderna da simulação, e do raciocínio lógico para a intuição, a capacidade de prever possibilidades. Sente-se a necessidade premente de novos métodos, novas técnicas e novos instrumentos de investigação para atender as novas crenças e novos valores.

O professor, ainda segundo o autor, além de poder recorrer a estudos históricos, antropológicos, sociológicos, dentre outros, tem em suas mãos o empirismo da observação da sala de aula, e em uma visão mais ampla, todo o espaço escolar e ainda a comunidade. E essa reflexão através da análise e interpretação do fenômeno pode vir a contribuir para um ensino-aprendizagem de melhor qualidade. E essa reflexão da realidade social, envolvendo questões culturais, econômicas e políticas, poderá solicitar um redesenho da sala da aula e da escola tanto no campo físico, como no estrutural e organizacional.

Partindo-se do fundamento socrático de que a educação é reflexão, fica a questão: como otimizar essa reflexão? E vem em mente uma possível resposta: através da interdisciplinaridade que vai possibilitar uma reflexão sem limites estabelecidos. Mas como trabalhar a interdisciplinaridade com eficiência? Talvez o trabalho com projetos e a utilização de recursos multimídia poderão favorecer um trabalho interdisciplinar.
Nessa perspectiva, o professor não deve imiscuir-se com a escola. Não existe a “minha” escola e nem a “nossa” escola, existe “a” escola. Para ser um bom educador é essencial que não se sinta parte da instituição. Em momento algum, desde o planejamento até a avaliação não se pode sentir-se como eu e nem como nós. O professor para poder saber levar a reflexão deve estar de fora, observando toda a movimentação do corpo docente, discente e administrativo. Assim terá subsídios para questionamentos que levam à reflexão. O fato de estar de fora poderá contribuir para a qualidade da interferência. É uma forma de se conseguir um trabalho com maior objetividade e em consequência disso, com menor subjetividade. Objetividade e subjetividade são apenas modelos. O que há são trabalhos com mais objetividade e menos subjetividade e vice-versa.

Nessa visão o professor é um observador, é um cientista social em constante pesquisa pedagógica: levantando questões, formulando hipóteses, observando, recolhendo material, fazendo tabulações, tirando conclusões e compartilhando com a comunidade escolar, contudo sempre, sem sentir-se parte dessa comunidade para evitar influências que podem interferir no trabalho de pesquisa.





São os estudantes que elaboram seus projetos escolhendo o tema do interesse de cada um, levantam questões a serem respondidas, formulam hipóteses, recolhem material, fazem tabulações, tiram suas conclusões e compartilham com a comunidade escolar, utilizando dos recursos que possuem e sabem usar. O professor observa. Observa e induz a reflexões para crescimento do trabalho e do ser. E a avaliação nada mais é que a reflexão do professor do quanto ele foi capaz de levar o outro à reflexão. E o professor responde ao questionamento do estudante sempre que solicitado. E a resposta é dada diretamente a quem perguntou, ao interessado pela resposta. É um trabalho personalizado, com atividades contextualizadas.


Interdisciplinaridade

A intedisciplinaridade vai muito além das disciplinas tradicionais do currículo escolar: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, Artes, Física, Biologia, Química... A interdisciplinaridade vai muito além das ciências exatas e das ciências humanas, além do raciocínio indutivo e dedutivo, dando ênfase ao raciocínio analógico. Se antes se falava de uma interdisciplinaridade no campo epistemológico, no campo da teoria, e que se pensava apenas em um currículo interdisciplinar; hoje já se fala de uma interdisciplinaridade no campo antropológico, no campo da prática, de ações didáticas e pedagógicas, envolvendo tanto o plano de curso como o plano de aula.

O conhecimento é construído em uma relação com o social, o natural e o cultural, de uma forma global, numa rede infinita de relações complexas que lhe dá sentido e significado. Essa consciência da realidade se constrói num processo de interpretação dos diferentes campos do saber, daí a necessidade da confrontação de olhares plurais na observação da situação de aprendizagem.

Para Carlos (2013) interdisciplinaridade significa a interatividade entre as disciplinas ou áreas do saber. Há nessa metodologia cooperação e diálogo entre as disciplinas do conhecimento, na perspectiva de se responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos.

Para Valério (2010) a interdisciplinaridade é como um movimento que possibilita o diálogo entre os seres humanos e os saberes. Ela favorece a abertura do olhar em direção a um mundo cada vez mais complexo e globalizado. Através dela pode-se fazer uma leitura de mundo que favorece a compreensão do mundo de uma maneira integral e total, num processo de reflexão e reformulação contínua. E essa reflexão sobre a realidade propicia a construção de sujeitos produtores de história e cultura.

Para Varella (2010) só se adquire autoconhecimento e participação com o outro através da livre expressão.

Para Ferreira (2010) a interdisciplinaridade é a abertura ao diálogo com o próprio conhecimento e se aprende praticando ou vivendo.

Na metodologia interdisciplinar o conhecimento é provisório e incompleto, está sempre em construção, e a avaliação é um processo contínuo em que a ênfase é na hipótese e não no certo ou errado. Nessa concepção de avaliação, tanto os estudantes, como os professores e a instituição escolar têm a possibilidade de rever a sua prática constantemente.




TEXTO EM CONSTRUÇÃO


REFERÊNCIAS

CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e potencialidades. Disponível em <http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/ppge/files/2010/11/interdiscipllinaridade1.pdf>. Acesso em 3 mar 2013.

CARMO, Josué Geraldo Botura do. Pesquisa Pedagógica. Educação&Literatura. 2011. Disponível em <http://educacaoliteratura.com.br/index%20202.htm> Acesso em 10 Fev. 2013.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. KIECKHOEFEL, Leomar. PEREIRA,  Luiza Percevallis. SOARES,  Arlete Zanetti. Avaliação e interdisciplinaridade. In: Interdisciplinaridade. R. Interd., São Paulo, Volume 1, número 0, p.23-37, Out, 2010. Disponível em  <http://www.pucsp.br/gepi/downloads/revista_gepi_201011.pdf>.Acesso em 3 mar. 2013.

FERREIRA, Nali Rosa Silva. Currículo: Espaço interdisciplinar de experiências formadoras do professor da escola de educação básica. In: Interdisciplinaridade. R. Interd., São Paulo, Volume 1, número 0, p.11-22, Out, 2010. Disponível em  <http://www.pucsp.br/gepi/downloads/revista_gepi_201011.pdf>.Acesso em 3 mar. 2013.

FUNDAÇÃO Darcy Ribeiro. Interdisciplinaridade. Disponível em <http://www.fundar.org.br/temas/texto__7.htm>. Acesso em 3 mar. 2013.

VALÉRIO, Rosangela Almeida. Ilustração do texto verbal: uma leitura interdisciplinar. In: Interdisciplinaridade. R. Interd., São Paulo, Volume 1, número 0, p.38-46-55, Out, 2010. Disponível em  <http://www.pucsp.br/gepi/downloads/revista_gepi_201011.pdf>.Acesso em 3 mar. 2013.

VARELLA, Ana Maria Ramos Sanchez. A resliliência e a interdisciplinaridade. In: Interdisciplinaridade. R. Interd., São Paulo, Volume 1, número 0, p.38-44, Out, 2010. Disponível em  <http://www.pucsp.br/gepi/downloads/revista_gepi_201011.pdf>.Acesso em 3 mar. 2013.